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Estudar música aumenta a capacidade de raciocínio.

Extraído do texto "Musica na Cabeça" de Rodrigo Cavalcante 

A habilidade para a música é considerada por muitos pedagogos – entre eles o norteamericano Howard Gardner, autor do livro Inteligências Múltiplas – como uma forma de 
inteligência tão importante para nós quanto a habilidade lógico-matemática ou lingüística. E 
essa inteligência auxiliaria, inclusive, outros tipos de raciocínio. Há alguns anos, por exemplo, 
os cientistas debatem o chamado “Efeito Mozart”. Trata-se de uma prova de que crianças ficam 

mais “espertas” para cálculos depois de escutar a Sonata para Dois Pianos em Ré Maior, do 
compositor austríaco.  
O poder da música para a concentração e para a manipulação das emoções humanas não está 
apenas despertando o interesse dos músicos e dos estudiosos da música. “Psicólogos, 
produtores de filme
e, claro, políticos, também estão se interessando por esses novos 
campos”, diz Tramo.  
Existem até pesquisas que identificam o gênero musical mais eficiente para que o cliente não 
desligue o telefone enquanto ouve a infernal mensagem de espera: “A sua ligação é muito 
importante para nós...” Na Universidade de Cincinnati, Estados Unidos, um estudo concluiu que 
a maioria das pessoas prefere ouvir jazz e música clássica ao esperar o atendimento – esses 
gêneros fariam com que eles sentissem o tempo passar mais rápido. Já o rock foi um desastre 
para preservar os clientes. Curiosamente, ele parecia aumentar o tempo esperado, minando a 
paciência de quem aguardava na linha. Nesse mesmo filão, o pesquisador Donald Fucci, da 
Universidade de Ohio, sugeriu que os mais velhos não se sentem atraídos pelo rock por uma 
questão fisiológica – e não por um conflito de gerações. Fucci explica que a perda da audição 

com o passar dos anos é acompanhada de uma percepção distorcida de alguns sons: entre 
eles, o do contra-baixo e o da bateria, base do rock. 
Após receber mais atenção e verbas para suas pesquisas nos últimos anos, a biomusicologia 
vem revelando o que boa parte das pessoas já desconfiava: somos todos seres musicais. E a 
biologia é mais responsável por isso do que imaginávamos. O músico John Cage já tinha 
antecipado essas descobertas depois de realizar uma das mais simples e importantes 
experiências com os sons. Isolado de todo ruído externo, Cage comprovou que escutamos, no 
mínimo, o grave da nossa pulsação e o agudo do nosso sistema nervoso. Até a vida, livre de 
ruídos externos, tem o seu ritmo e a sua própria música. 
Depois da Segunda Guerra Mundial, hospitais americanos obtiveram resultados 
surpreendentes ao contratar músicos para ajudar na recuperação dos veteranos de guerra. “Foi 
assim que a musicoterapia ganhou força”, diz Cléo Correia, vice presidente da Associação de 
Profissionais e Estudantes de Musicoterapia de São Paulo. Desde então, a terapia através da 
música e do uso de sons ganhou status acadêmico. Hoje, no Brasil, existem mais de cinco 
cursos de graduação sobre o tema. “Os médicos estão mais conscientes da importância da 
música em diversos tratamentos”, diz Cléo. “Até para diminuir a percepção de dor dos 
pacientes que estão na UTI depois de uma cirurgia.”
Na Universidade Federal Paulista de Medicina, o neurologista Mauro Muszkat pesquisou as 
alterações elétricas no cérebro de pacientes ao escutarem música. “Um paciente que sofreu 
algum dano cerebral pode recuperar algumas dessas funções se for estimulado com a música”,diz Muszkat. Os musicoterapeutas trabalham com um roteiro específico de músicas e sons de 

ambientes que estimulam a resposta de cada paciente. Em alguns hospitais, a música serve 
até como trilha sonora do trabalho de parto. “Uso a música para estimular as contrações 
uterinas”, diz José Bento de Souza, obstetra do hospital paulista Albert Einstein. Em sua sala 
de parto, os bebês nascem ao som de Mozart e Beethoven, como numa grande abertura de 
ópera. 


Para saber mais...
Na livraria:  
O Som e O Sentido – Uma Outra História das Músicas, José Miguel Wisnik, Cia. das Letras, 
São Paulo, 1999  
Inteligências Múltiplas, Howard Gardner, Artmed, São Paulo, 1995 


Fonte: http://www.ceeak.ch/portugues/evangelizacao/artigos/Estudarmusicaaumentaacapacidadederaciocinio.pdf

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